Uma Partilha da leitura das Memórias da irmã Lúcia






Tinha lido este livro há já muitos anos, não consigo precisar quantos, mas relê-lo no centenário das Aparições e, em especial, durante o mês de Maio, em que o papa Francisco veio a Fátima canonizar Francisco e Jacinta, teve outro significado para mim. Em relação ao estilo de escrita da Irmã Lúcia, voltei a sentir que ela tem um forma simples de contar os factos, mas com pormenores muito cuidados. No entanto o que mais apreciei foi a forma como nos “prende” aos acontecimentos que vai narrando. Envolve-nos no que nos conta e leva-nos a sentir que tudo o que passou na Cova da Iria é mesmo real.
No que diz respeito ao que nos conta, houve alguns aspetos, entre outros, que me impressionaram mais e que suscitam as seguintes considerações:
- Os pastorinhas eram crianças perfeitamente normais, enquadradas nos usos e costumes do seu tempo e da sua região – Gostavam de brincar, de dançar, de tocar, abreviavam a forma de rezar o terço para terem mais tempo para brincar.
- As crianças foram criadas num ambiente familiar profundamente cristão.
- As famílias da região viviam com dificuldades económicas, mas mantinham como valores fundamentais na educação, a partilha, a entreajuda, a solidariedade.
- As autoridades políticas, em geral, eram profundamente anticlericais.
- A Europa está mergulhada na primeira grande guerra e Portugal, a partir do momento em que também entra, revela todas as fragilidades do seu sistema económico-financeiro, desencadeando o desmantelamento do tecido produtivo, o acentuar de clivagens sociais e a escassez de bens essenciais. A acrescentar a tudo isto Portugal  tem que enviar homens para o teatro das operações.
- São as pessoas, o povo de Deus, que impõe Fátima à Igreja.
Após as aparições os pastorinhas vão mudando completamente, parece que crescem imenso interiormente, principalmente a Jacinta e o Francisco. Não só aprendem a rezar de forma diferente, como vão crescendo na comunhão com Deus e Nossa Senhora, o Francisco de uma forma mais íntima, mais individual, a Jacinta numa dimensão  mais ecuménica, alargando a sua oração aos outros, sobretudo aos pecadores. Como que se completam os dois na sua oração, se o Francisco é mais contemplativo, a Jacinta é mais missionária.
Concluo, com o que  mais me impressionou no livro, que foi a profundidade da adesão a Deus num coração de criança. Perante o testemunho que a Irmã Lúcia apresenta da vida dos seus primos vamo-nos apercebendo do quanto vão crescendo na sua intimidade com Deus e na entrega das suas vidas pela salvação dos pecadores.
São Francisco e Santa Jacinta rogai por nós.

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